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Amor e dependência: Quando satisfeito, até o diabo cria o paraíso

  • Foto do escritor: Ricardo Backes
    Ricardo Backes
  • 6 de nov.
  • 4 min de leitura
Homem quebrando com rachaduras
Homem quebrando com rachaduras

Quem é dependente do outro alcança o paraíso quando finalmente, por alguns segundos, conseguiu agradar a pior pessoa do mundo. Quando você consegue isso, você chega no paraíso que o diabo criou. Você é o herói, está de alma lavada, vendeu a própria alma para agradar o outro e assim se tornar a criatura mais bondosa do universo.


Custou caro né?


(Esse conteúdo está disponível no meu podcast, clique aqui para acessar)


O paraíso é o lugar dos mortos, assim como o inferno ou o submundo. Quando você se apaixona e acredita que o amor deve te levar ao paraíso, esse amor será terrível caso não se liberte disso, pois os parceiros sofrerão os mais severos castigos caso se desviem do amor ideal, do parceiro ideal esperado.


O castigador encontra sua vítima quando vê nesta a fome pelo paraíso. Alguém que tem fome de paraíso pagará o preço que for para pisar nas nuvens do amor, mas descobrirá que sob seus pés está o fogo do inferno, pois pagou um preço alto demais para viver 5 minutos no paraíso. Uma ilusão.


A fome pelo paraíso, pelo amor perfeito, pelo parceiro ideal a tudo devora inclusive você mesmo, pois você estará disposto a tudo para que o diabo crie o paraíso para você.


O maior êxtase é agradar a pessoa mais difícil, é uma conquista, mesmo que seja uma caminhada rumo a destruição de tudo o que você é, e quando você é reduzido a nada o outro fica satisfeito, então o diabo cria o paraíso.


Você foi reduzido a nada, tornou-se um nada mais que, um objeto que agrada o outro para ganhar o mais doce dos presentes. Quando você vira nada, ninguém além do castigador pode amar você de verdade, assim a corrente se fecha, o cadeado tranca. É a fome e a vontade de comer, o castigador ganhou seu súdito, e o súdito ganhou o mestre, a promessa de amor e felicidade que custa mais caro que a própria vida.


Não é mais amor, são jogos de poder.


Por que você coloca tudo na mão do outro? Que desejo é esse de não viver a vida nem a infelicidade nela contida, mas morar na macies ilusória das nuvens, o preço é alto demais porque a vida se torna mais dura do que realmente precisa ser quando se tenta agradar aquilo que nunca estará satisfeito.


O outro nunca satisfeito, a pior pessoa do mundo que sempre te critica, no fundo é você mesmo, pois você se sujeita a agradar até a própria destruição, porque no fundo não é consciente do seu próprio valor. Você abriu mão da sua própria tarefa em determinar quem você é, qual o sentido da sua vida, o que você espera do amor. O outro insaciável é reflexo da sua própria fome.


Essa situação é como se fosse uma caixa de pandora de onde sairão todos os males do mundo, mas onde também habita a esperança, ou seja, depois de destruir-se nesse processo, talvez você encontre um caminho para descobrir a si mesmo, o seu próprio valor.


Nem o inferno, nem o submundo, nem o céu ou o olimpo são lugares para os humanos, para os vivos, então por que você tem se destruído para viver o que não cabe a você? Onde está a medida da sua vida? Da sua felicidade? Do seu amor?


Quando o amor vira uma fome insaciável ele se torna uma negação a vida, é o pavor de tocar realmente no problema do amor, de entrar em uma relação, então você fica em ideais, em nuvens, em paraísos, ou em infernos insuportáveis, diria Jung que "o amor meramente humano representa um problema tão espinhoso para o mortal que ele prefere esconder-se dele por todos os meios a tocar em uma de suas pontas". (Símbolos da transformação §466)


Veja, se for assim você estará amando uma expectativa e não uma pessoa, não sei se há no mundo algo mais cruel que amar uma expectativa, mais ainda, fazer seu parceiro vestir sua expectativa, então são apenas flechas voando no escuro de uma relação dolorida.


Antes de terminar uma observação: me refiro ao diabo não no sentido religioso, mas no psicológico, sobre o que o diabo ou demônios representam: uma oposição, vontade pura, o mal, a destruição dentre tantas outras coisas. Assim como paraíso ou inferno se referem as representações, ou seja, imagens de lugares ou saberes que são um mistério para a humanidade, onde a humanidade sempre criou um além, um pós vida, um lugar onde habita a alma, habitam os Deuses, concepções essas que se repetem em grande parte das mitologias em todo o mundo, ou seja, imagens que falam de questões humanas, como amor, morte, vida, sentido...


Uma segunda observação é que esse conteúdo é bem genérico, ou seja, ele não é feito para se encaixar na vida de ninguém em específico, assim, considere tudo isso com senso crítico, o que fizer sentido e for construtivo você aproveita, e o que não for você descarta, espero que tenha feito sentido para você!


Gostaria de me despedir de vocês com a seguinte frase: "O amor é sempre um problema, qualquer que seja a faixa etária do ser humano em que ele ocorre. Para os que estão na infância, o problema é o amor dos pais; para os idosos o problema é o que eles fizeram com seu amor. O amor é um dos grandes poderes do destino, ele se estende do céu até o inferno" - Jung, sobre o amor p. 15


Se é sua primeira vez aqui no meu site, eu sou Ricardo, sou psicólogo e trabalho com psicoterapia Junguiana desde 2021, caso você queira iniciar terapia é só me mandar mensagem clicando aqui. Se quiser conhecer meu Instagram, clique aqui.


Obrigado e até a próxima!

Ricardo Sergio Backes Bertuol

Psicólogo CRP 08/32882

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