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Como saber se alguém gosta de mim?

  • Foto do escritor: Ricardo Backes
    Ricardo Backes
  • 18 de out. de 2024
  • 5 min de leitura

Não vou enrolar você, vou dizer logo de cara: perguntando! Essa é a resposta. Não está contente com ela? Será que isso é insegurança? Desconfiança? Algum medo? Uma experiência passada refletida em uma insegurança hoje? Por que existe um desejo de ter uma certeza tão grande e inabalável que te blindará de qualquer erro de julgamento?


Nenhum assunto na Psicologia é simples, entenda que algo que eu diga para uma pessoa em uma sessão pode ser completamente irrelevante para o próximo paciente, ou ainda um completo veneno que mais prejudicará do que ajudará. Mais delicado ainda é produzir conteúdo, porque não conheço você, caro leitor(a).


O mesmo vale para minhas próximas palavras. Mas chega de ressalvas, preciso apenas que você tenha em mente que sem conhecer você é impossível dizer coisas que “acertem o alvo”, mas posso dizer coisas genéricas que podem passar por “perto”.


Eu diria que além de perguntar e observar se há coerência entre as atitudes e ações com as respostas que você ganha. Mas em última análise não temos como ter certeza.


Somos sempre duas pessoas dentro de uma só, há um inconsciente e ele prova sua existência quando você troca um nome, quando age de um modo que não condiz com quem você é ou o que defende, quando você tem um ataque de raiva e quebra um objeto importante. Esquece algo que era crucial.


Podemos ser inconscientes, ou seja, podemos não saber que temos determinados sentimentos dentro de nós mesmos, ou podemos nos enganar sobre a intensidade de sentimentos e como eles vão se transformando.


Em teoria nem você sabe amplamente de todos os sentimentos que possui e sua intensidade, nem sobre o futuro de como eles vão se transformar ou não. Um sentimento pode durar muitos anos, pode virar seu oposto, pode ficar mais forte, mais fraco, mas pode manter-se em sua essência ou não.


Essa pergunta parte de um lugar que desconsidera a natureza humana que está constantemente mudando.


A necessidade de uma certeza no amor te colocará em uma postura neurótica que te torna incapaz de vivê-lo, porque você quer ter um controle além do que é possível obter.


Essa pergunta me diz o seguinte “como posso saber, até mesmo mais que o outro, sobre o que ele/a sente? Tornar isso previsível? Ter alguma certeza? Afinal vou dar um passo importante, dizer que gosto dessa pessoa, construir uma relação."


Com certeza é um grande passo que para quem pensa demais precisa ser pensado de menos. E para aqueles que pensam de menos precisa ser pensado mais.

As vezes uma relação só acontece espontaneamente, e por comunicação, desentendimentos, brigas, acertos, erros vocês vão construindo algo.


Esse algo, com o tempo pode agradar e também pode desagradar, ou ainda, uma mistura das duas coisas, o que é perfeitamente natural.


Chega a ser uma pergunta até injusta, porque você não consegue garantir se vai se sentir como se sente hoje daqui um ano ou dez anos. Porque as coisas requerem cultivo, investimento, manutenção e cuidado.


Naturalmente você quer que a outra pessoa invista na relação tanto quanto você. Mas investimentos oscilam de acordo com as situações da vida, tanto externa quanto interna.


Dinâmicas de relacionamento podem ser imprevisíveis, sentimentos podem ser contraditórios e caóticos. Dúvidas? Quem bom que você as tem! Porque elas te permitem ver as coisas de diversos ângulos.


Esse desejo de poder enxergar os sentimentos do outro com tanta clareza, pode se tratar do medo que você tem a respeito dos próprios sentimentos, uma espécie de incerteza espelhada na dúvida sobre o sentimento do outro, dúvida essa que você não se permite ter sobre os próprios sentimentos.


A complexidade do seu próprio mundo pode ser assustadora, como isso é insuportável, só pode ser visto em um espelho distante, lá nos sentimentos do outro, e talvez a pergunta mais importante seja: como posso ter certeza sobre o que eu sinto?


Não há certeza! E sim, vai doer! A felicidade requer sua dose de sofrimento. Viver significa muitas vezes caminhar entre essas contradições.


É natural o desejo de querer se proteger da dúvida, do sofrimento e da confusão, mas nada mudará o fato que elas estão aí e vão dirigir sua vida seja no subterrâneo ou de forma mais clara sob a luz do dia, caso você tenha condições de trazer isso para a luz do dia.


Pode ser uma experiência anterior em que uma pessoa dissimulou sentimentos. Ou seja, disse que sentia algo que não sentia realmente, ou não na intensidade que dizia sentir, e isso pode acontecer seja intencionalmente ou seja pelo fato de que a pessoa queria acreditar nesse sentimento, e o idealizou de uma forma que não é real.


Então, por precaução você cria um preconceito de que as pessoas são dissimuladas, e elas realmente podem ser, mas dizer que todo mundo é seria uma mentira.


Generalizar uma experiência ruim é algo que fazemos para nos proteger do mesmo sofrimento, o que é muito sábio, mas em certa medida pode nos impedir de viver coisas que desejamos viver.


Não há uma receita, é preciso desenvolver discernimento sobre cada situação específica, sobre cada pessoa específica.


E por fim, pode ser o desejo de uma certeza incontestável. Essa é uma grande complicação, pois envolve uma espécie de pensamento mágico, que escapa as possibilidades humanas: saber mais do que se pode saber.


Alguns mitos retratam as péssimas consequências que esse tipo de atitude pode trazer.

A história de Ícaro que é muito conhecida, pois se ele voasse perto demais do sol, a cera de suas asas derreteria e ele despencaria, se voasse perto demais do mar, a umidade prejudicaria as penas e então ele cairia, então era preciso voar na altura correta.


Outra história é a de Aracne que tentou competir na tecelagem com a Deusa Atena, mesmo que ela ganhasse, Atena a puniu e transformou-a em aranha condenada a tecer para sempre.


Só aos Deuses cabem as certezas sobre a vida. Ninguém pode vencer aquelas que tecem o destino, representadas na mitologia grega como Moiras. Não se pode ver o futuro, cercar-se de um saber potente que lhe dirá as certezas da vida, se você acredita nisso, ao invés de viver só saberá, esse saber vai te afastar da vida.


Retornar a medida certa é não ficar tão ao sol, nem tão ao mar e com as possibilidades que se tem: perguntar e observar, chegar a uma resposta que seja sua, a de um ser humano que é vulnerável e tem medo de sofrer, mas que está vivo e deseja amar.


Não é uma resposta inabalável com a sabedoria dos Deuses, mas é a sua resposta que você terá de se responsabilizar, e viver as consequências dela com todo o prazer e desprazer que elas poderão acarretar.


Esse é o peso de escolher, um peso que todos estamos destinados a carregar, mas que muitos querem fingir que não existe e acabam carregando as consequências de suas escolhas feitas por outras pessoas ou por aquilo que não sabem sobre si próprias.


Por isso que o meu trabalho se trata em ouvir e criar condições para tornar consciente esses aspectos que dirigem o caminho da sua vida, o que traz mais responsabilidade para você ao passo em que suas escolhas ficam mais claras com o autoconhecimento adquirido.


Para saber mais detalhes clique aqui.


Até a próxima!


Ricardo Backes

Psicólogo CRP 08/32882

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Ricardo Sergio Backes Bertuol

Psicólogo CRP: 08/32882

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